Thursday, May 10, 2007

Brain Damage

Incrível como a falta de trabalho cerebral para fins produtivos faz uma pessoa passar de inútil a absoluta-e-completamente-inutil.
Nos últimos três meses o normal na minha vida tem sido basicamente dormir às 6h e acordar às 14h pra pegar as aulas da tarde na quase inútil Faculdade de Letras de Coimbra. À noite CSI, House e Prison Break seguidos de alguns ou muito finos e o início da manhã voltando pra casa de alguma saída com os amigos ou simplesmente pondo em dia o papo de uma vida inteira com a Anna, minha companheira de curso, vida e quarto.
Eu não poso me gabar de ter tido no último ano algo que se possa chamar de uma vida muito produtiva (qualquer tipo de rotina que envolva acordar cedo ou dormir menos de 10 horas por dia) mas pelo menos eu antes mantinha uma quantidade mínima de atividades que eu exercia com uma certa frequência e que conferiam à minha inútil vida um certo ar de rotina:

- Assistir a filmes que todo mundo já viu, menos eu, ou filmes que todo mundo já viu e que eu não vi mas acho que vi, ou filmes que ninguém nunca viu e que não valem a pena ser vistos mas eu vejo mesmo assim. Para a minha recente vida de cinéfila (observem, nos meus poucos vinte e um anos incompletos meu senso crítico cinematográfico só veio aprimorar-se nos últimos 2 anos. Antes disso eu engolia desde David Lynch até Legaly Blond 1 e 2) o hábito de alugar pelo menos uns 5 filmes por fim de semana me ajudava a tirar o atraso do que eu não tive dinheiro pra ver no cinema. No entanto, como é óbvio, dormir sempre às 6 da manhã e acordar à 5 da tarde me faz lembrar de ir à locadora quando o rapaz do balcão já está no seu último sono em sua quente caminha. Situação atual: um filme por semana, na SIC (algo de parecido com a Rede Globo).

- Cerca de uma hora diária fuçando blogs, youtube, email e outras porcarias na Internet. Isso pode não parecer muito produtivo, mas olha que é daí que saem meus grandes momentos de inspiração. Quais? Não sei, mas se antes já não saíam muitos, agora menos ainda. Vide a graaande frequência da atualização deste blog. Sem falar nos assuntos absurdamente relevantes que nos ocorrem em mesas de bar.Com menos 60 minutos diários de pesquisa em cultura inútil a minha missão na terra, de entreter as pessoas com besteira, fica altamente prejudicada. Situação atual: só tenho visto videozinhos no youtube, e mesmo assim quando buscados pela já citada Anna.

- Pelo menos uns 30 minutinhos diários para conferir o que anda acontecendo no Brasil. Não tô falando de fofoca no msn, tô falando de notícias mesmo. Considerando que a minha paciência pra ler jornais online nunca foi muito grande, a minha inatividade mental tem contribuído menos ainda pra frequência desse hábito. Eu sempre preferi a versão impressa, que deixa a mão da gente bem sujinha, mas em compensação não tem pop ups do mercado livre pulando na minha cara e nem aqueles banners chechelentos que não deixam eu me concentrar. Mas, já que aqui do outro lado é mais difícil passar a mão na Folha de São Paulo numa banca de revistas, o jeito era me render ao mundo online. Mas, ultimamente nem isso. Situação atual: Eu só soube da morte do Enéas uma semana depois, quando as piadas já não tinham mais graça. Sem falar na tenebrosa da vitória daquela coisa azul, no Parazão.

Aí estão, três sinais de uma boêmia e inútil vida. Ah, mas isso muda um dia, juro que muda… Próximo semestre…

Thursday, April 12, 2007

Devaneios

É tão legal brincar de casinha. Toda vez que eu vou ao supermercado fico doida pra que a casa fique suja pra eu poder limpá-la com meus novos produtos de limpeza ! *
Bem, mas eu descobri um bom aspecto de ter que cuidar sozinha da casa: gasto todos os meus impulsos consumistas no supermercado, e assim sobra mais dinheiro pras farras, pro cinema, enfim…
O lado ruim de morar sozinha, além de jantar sempre em frente à tv e perder a conta de quanto comi ou babar toda a minha blusa, é que eu peguei a terrível mania de falar sozinha. Eu já tenho um lado meio esquizofrênico, um comportamento um tanto quanto expansivo, e agora ainda por cima falo com as paredes! Isso é péssimo. A réplica: ok já que eu moro sozinha isso não é um problema, considerando que ninguém além de EU mesma sabe disso. Hã-Hã. Errado. A tréplica: eu agora dei pra falar sozinha na rua também. Isso mesmo, juro.
Pra me fazer companhia nas tradicionais idas ao supermercado, à estação, ao shoppping, ou a qualquer lugar eu levo meu fiel escudeiro Ipod, e com ele no volume máximo esqueço que tô no meio da rua e de vez em quando solto uns diálogos comigo mesma.
E depois ainda me pergunto: porque é tão difícil fazer amigos numa cidade desconhecida?
Dã. Explicado.

*Isso faz parte de um surto pós-adolescente-pré-independente, decorrente da falta de Cleide. (A Cleide era a empregada lá de casa. )

Tuesday, April 10, 2007

Bem, vamos ver até quando vai durar o meu retorno ao mundo dos blogs.
Duvido um pouco que vingue, mas enfim, é por uma boa causa, afinal de contas, em pouco tempo devo me cansar de conversar com as paredes de casa, que, por sinal, não são muitas.
Tá, só pra atualizar: esta que vos escreve com sotaque de português (claro que não dá pra perceber ainda, mas estou praticando) há pouco deixou as terras tupiniquins para aventurar-se nos estudos da comunicação social nas terras de além mar. Agora além de vocês meus caros, até os portugueses vão ter que me aguentar. Mas é claro que só pega praqueles que perdem tempo lendo esse negócio aqui, onde eu provavelmente despejarei todas as minhas frustrações com o velho muno. E as alegrias também, afinal, navegar é preciso meu bem, e isso deve ter um lado bom.

Pra já ficam algumas primeiras e curiosas impressões:
1- É fácil entender o que eles falam, mas não experimente sentar numa mesa com vários portugueses falando ao mesmo tempo. Acreditem, isso me deixou um pouco tonta das primeiras vezes.
2- É por demais complicado escrever como eles. O "facto" é que de "facto" existem muito mais palavras com uma letra c no meio do que eu poderia imaginar. Outro "fenómeno" são os acentos agudos. Eles podem estar nos lugares que você menos espera.
3- Eles sabem muito mais piadas de brasileiro do que nós sabemos de portugueses. Bom, pelo menos eu…
4- Eles não dão beijinhos no rosto de quem acabam de conhecer. A não ser que você seja um grande amigo de um grande amigo eles vão passar uma semana dando tchauzinhos. Os beijinhos são pros íntimos tá?
5- Eles têm bem mais consciência do resto do mundo do que os americanos. Não, eles não acham que a capital do Brasil é Buenos Aires, eles não acham que por Belém ficar na Amazônia eu me locomova de cipó, e eles não achavam que o meu bichinho de estimação era um jacaré. Eles só achavam que eu tinha alguns índios como vizinhos, mas até que isso não é um absurdo muito grande.